Nestes dias 29 e 30 de agosto (sexta e sábado), na
curia diocesana de Bissau, a Igreja da Guiné-Bissau está a celebrar o “dia
africano da medicina tradicional” que ocorre no dia 31 de agosto. Recorde-se
que a OUA (Organização da Unidade Africana), em junho de 2001, declarou o
período de 2001 a 2010 como a “década da Medicina Tradicional Africana”.
Ângela Barbosa da Pastoral da Criança e Sr. João Lopes com uma arvore na cabeça |
Na
sessão de abertura, na manha desta sexta-feira, a Sra. Aycha Sanca,
representante da Direção Geral das Florestas, salientou que, de fato, na
Guiné-Bissau, “as florestas estão a sofrer um derrube descontrolado”.
Manifestou a sua alegria pelo motivo de seu organismo “estar a promover a
plantação de arvores na esperança que sobrevivam”. Clemente Mendes,
representando a Caritas Guiné-Bissau, sublinhou que a referida estrutura “tem
assumido a celebração anual do dia da medicina tradicional através da reflexão
e da exposição de medicamentos que os vários grupos ligados à Caritas preparam”.
Exortou para que se estruture a “colaboração entre o Ministério da Saúde
Publica e os curandeiros para um maior
progresso da medicina tradicional”. Dom Pedro Zilli, representando os bispos
da Guiné-Bissau, nas suas palavras
disse: “Sinto-me alegre por que a nossa Igreja, na
Guiné Bissau, está a unir seus esforços aos esforços de tantas pessoas e
instituições no sentido de conhecer, valorizar, promover, fazer bom uso das
plantas medicinais e de fazer da Medicina Natural Tradicional uma alternativa válida
para tantas pessoas no mundo de hoje”. Aproveitou da ocasião para falar do
apelo do Papa João Paulo II no Burkina Faso em maio de 1980, pedindo ao mundo
que lutasse contra a seca e a desertificação no Sahel. Recordou aos presentes que o apelo do Papa
originou, em 1984, a Fundação João Paulo II para o Sahel que, neste ano 2014,
está a celebrar 30 anos. Dando seguimento às suas palavras, Dom Pedro
perguntava: “diante das queimanças e derrube das arvores, o que será da
Guiné-Bissau num futuro não muito distante?” “Onde serão encontradas plantas
para a fabricação de medicamentos tradicionais?” “Com este ritmo de devastação
das nossas florestas, será que não precisaremos de um outro João Paulo II que
lance um apelo contra a seca e a desertificação no nosso País?”
Clemento, Dom Pedro e Aycha |
O Sr. João Lopes,
em nome do Grupo "Natureza é Vida" da Caritas Guiné-Bissau, fez uma
homenagem ao Pe. Alberto Zamberletti (PIME) que, ressaltou, “muito contribuiu
com o grupo, ajudando-o numa profunda compreensão de tal Medicina”. Salientou
que Pe. Alberto, com o seu empenho, ajudou na salvação de vidas na Guiné-Bissau”.
Depois ofereceu ao Padre um barrete vermelho de “homem grande balanta”, simbolo
de uma significa distinção, carinho, reconhecimento e estima. Pe. Alberto
agradeceu o grupo pelo gesto, manifestando o seu contentamento pela celebração
do dia Medicina Tradicional que recorda o caminho feito durante anos na Guiné.
Referindo-se ao tema para o “dia africano da medicina tradicional” deste ano, “colaboração
entre os praticantes da medicina tradicional e da medicina convencional”, Pe.
Alberto sublinhou que, estudos feitos, dão contas que as duas medicinas podem
colaborar ate mesmo na luta contra HIV-Sida”. Agradeceu o grupo que tem vindo trabalhar “há anos, em
colaboração com os curandeiros tradicionais”.
Pe. Alberto e Sr. João Lopes |
Dom Pedro Zilli agradeceu a Monica
Canavesi, da Associação Leigos PIME (ALP) de Nhabijão, pelo seu empenho na
promoção da Medicina Tradicional na Guiné-Bissau. Agradeceu a todos os que estão
empenhados neste importante recurso em favor do bem do nosso povo. Na conclusão
da Sessão de abertura, Monica realça que “uma das coisas mais bonitas que
encontrou na Guiné-Bissau foi o grupo da Medicina Tradicional”.
Sr. João Lopes e Mônica |