quarta-feira, 20 de julho de 2011

Pedagogia positiva nas escolas

Por Nélida Esteves, Supervisora Pedagógica FEC Bafatá

De acordo com as pesquisas realizadas pela PLAN nas escolas e nas comunidades de Bafatá, os dados revelaram que o castigo corporal, a violência entre os alunos e a violência sexual fazem parte da realidade das crianças.
Esses tipos de violência têm consequências negativas para o desenvolvimento bio-psíquico e social das crianças e más repercussões no processo de ensino-aprendizagem, como a diminuição da capacidade motora, do desenvolvimento cognitivo e as dificuldades de concentração. A violência causa desequilíbrios psicológicos, emocionais e traumas que podem baixar a auto-estima e a autoconfiança das crianças.
A pesquisa aponta para o facto de os professores não estarem preparados para lidar com a questão da disciplina na sala de aula sem utilizar a antiga técnica de violência – bater nas crianças, castigá-las, reprimi-las, punir com gestos, mandar um colega bater ou humilhar quando não sabem uma questão.
A Guiné-Bissau tem como uma das metas a atingir até 2015 a universalização da escola básica ou seja, dar uma educação básica de qualidade para todos sem distinção da raça, classe social, sexo, etc. Assim como garantir a permanência das crianças na escola.
Algumas situações como a não inclusão de temas sobre a violência nos currículos de formação de professores e a falta de sensibilização dos agentes educativos (famílias e comunidades) dificultam a realização desse objectivo, uma vez que o problema contribui para o aumento da taxa de evasão, repetências e abandono escolar, pois as crianças acabam por perder o estímulo para aprender e consequentemente a vontade de ir à escola.
Desta feita, a Plan decidiu lançar o projecto “Pedagogia Positiva Para Aprender Sem Medo” em parceria com a FEC- Fundação Evangelização e culturas que visa formar diferentes agentes educativos: Equipa técnica Regional de Bafatá, 25 Orientadores de práticas Pedagógicas e 8 Coordenadores de Círculos de Comissões de Estudos da Região de Bafatá. Esses por sua vez vão formar professores abrangendo 273 escolas comunitárias durante um ano lectivo (10 meses).
Espera-se que esses agentes educativos sejam capazes de identificar, prevenir e gerir situações de violência em meio escolar e comunitário por intermédio de um conhecimento reflexivo e crítico, promovendo assim a disciplina positiva nas escolas e reduzir a violência na região de Bafatá.
Durante todo o ano lectivo será passado um spot radiofónico para sensibilizar os agentes educativos sobre a questão da violência em relação às crianças.
Como resultado teremos (assim o esperamos) uma diminuição de situações de abuso perante os menores, a diminuição da taxa de abandono escolar e aumento do sucesso escolar na região de Bafatá.