África, tenha coragem! O Estádio da Amizade de Cotonou foi o palco, na manhã deste domingo, da Santa Missa presidida pelo Papa Bento XVI, no seu último dia de visita ao Benin. O estádio estava com sua capacidade máxima esgotada, 30 mil pessoas.
Concelebraram com o Santo Padre mais de 200 bispos de todo o continente e milhares de sacerdotes do Benin.
As cores vivas que ornavam o altar e a energia que emanava dos cânticos litúrgicos refletiam o entusiasmo dos fiéis presentes. Bento XVI não ficou indiferente e logo no início da sua homilia expressou sua grande alegria por visitar, pela segunda vez, "o querido continente africano", seguindo os passos do seu predecessor, o Beato João Paulo II.
Comentando o Evangelho deste domingo, Solenidade de Cristo-Rei, o Papa recordou que Jesus quis assumir o rosto daqueles que têm fome e sede, dos estrangeiros, dos que estão nus, doentes ou presos… enfim, de todas as pessoas que sofrem ou são marginalizadas.
"E, por conseguinte, o comportamento que tivermos com eles será considerado o modo como nos comportamos com o próprio Jesus. Ele que não tinha onde repousar a cabeça, seria condenado a morrer numa cruz. Este é o Rei que celebramos!"
Isto pode nos parecer desconcertante, afirmou o Papa. Pois ainda hoje, como há 2000 anos, estamos habituados a ver os sinais da realeza no sucesso, na força, no dinheiro ou no poder. Temos dificuldade em aceitar um rei cujo trono é uma cruz. Para Jesus, reinar é servir. E aquilo que nos pede é segui-Lo por este caminho: servir, estar atento ao clamor do pobre, do fraco, do marginalizado.
"Daqui queria fazer chegar uma palavra amiga a todas as pessoas que sofrem, aos doentes, a quantos estão infectados pela Aids ou por outras doenças, a todos os esquecidos da sociedade: Tenham coragem! O Papa pensa em vocês e os recorda na oração.
A seguir, recordou os 150 anos de evangelização do Benin, dando graças a Deus pela obra realizada pelos missionários, pelos "obreiros apostólicos" originários da nação ou vindos de outros lugares. E como fez em outros momentos da visita, recordou mais uma vez o Cardeal Bernardin Gantin, exemplo de fé e de sabedoria para o Benin e para todo o continente africano.
A Igreja, explicou o Pontífice, existe para anunciar a Boa Nova. E este dever permanece urgente. Depois de 150 anos, são numerosos aqueles que ainda não ouviram a mensagem da salvação de Cristo; aqueles cuja fé é débil, e cuja mentalidade, costumes, estilo de vida ignoram a realidade do Evangelho, pensando que a busca de um bem-estar egoísta, do lucro fácil ou do poder seja o fim último da vida humana.
"Com entusiasmo, sejam testemunhas ardorosas da fé que receberam! Em particular diante dos jovens que, num mundo difícil, andam à procura de razões de viver e de esperar."
Sendo um homem de esperança, o cristão não pode desinteressar-se dos seus irmãos e irmãs. Isto estaria claramente em contradição com o comportamento de Jesus. O cristão é um construtor incansável de comunhão, de paz e de solidariedade.
Dirigindo-se aos africanos de língua portuguesa, o Papa disse: "Queridos irmãos e irmãs da África lusófona que me ouvis, a todos dirijo a minha saudação e convido a renovar a vossa decisão de pertencer a Cristo e de servir o seu Reino de reconciliação, de justiça e de paz. O seu Reino pode ser posto em perigo no nosso coração. Aqui Deus cruza-se com a nossa liberdade. Nós – e só nós – podemos impedi-Lo de reinar sobre nós mesmos e, em consequência, tornar difícil a sua realeza sobre a família, a sociedade e a história. Por causa de Cristo, tantos homens e mulheres se opuseram, vitoriosamente, às tentações do mundo para viver fielmente a sua fé, às vezes mesmo até ao martírio. A seu exemplo, amados pastores e fiéis, sede sal e luz de Cristo na terra africana! Amém.