A história é contada por quase todos os moradores, um facto que virou lenda na solidariedade comunitária. Tudo aconteceu em meados de 1995, na aldeia de Kisir nos arredores de Bigene, na Guiné-Bissau, uma senhora idosa que se chamava Nha Rosa nos seus 80 anos de idade foi deixada ao relento pelos seus familiares mais próximos: filhos e netos que acreditavam que ela era causa da desgraça da família. Sem saber o que fazer abrigou-se debaixo de uma mangueira com os seus haveres, até que um dia foi encontrada pelas religiosas que por aí passavam para a catequese às aldeias vizinhas, vindas de Bigene.
Depois de terem pensado no que fazer, as madres abordaram a comunidade,em Bigene onde moravam, buscando solidariedade dos fiéis. Medo e pânico entre os cristãos, parecia difícil que se conseguisse alguém para a receber. Assumindo as consequências Dona Domingas, aparentemente mais nova que ela acolheu-a em sua casa. “Foi difícil”, confessou ela. “As pessoas que eram amigas deixaram de ser amigas, não me cumprimentavam, mas graças a Deus nos unimos como família na igreja, porque os que pensavam que eu também era feiticeira, foram vencidos”, desabafou.
Durante todo o tempo que hospedeu a Nha Rosa, Domingas foi vítima do preconceito até que a sua hóspede partiu para a casa do Pai. Eram 4 anos passados, Nha Rosa baptizou-se, vindo a professar a fé cristã. No dia da sua morte recebeu o velório cristão e é a primeira católica enterrada no cemitério cristã negra, depois dos primeiros portugueses enterrada no cemitério católico. No dia dos finados, recebe a oração da comunidade em Bigene.